
Radioterapia – O inteligente uso da radiação para o bem.
A radioterapia, que está entre as abordagens mais utilizadas para o tratamento de câncer desempenha um papel crucial na medicina moderna. Esse termo representa a utilização da radiação de forma precisa para destruir ou reduzir o tamanho de tumores, o que costuma despertar a curiosidade de muitas pessoas, uma vez que a exposição à radiação acima de níveis seguros leva justamente ao desenvolvimento de câncer.
Como poderia, então, a mesma radiação que pode causar o câncer ser utilizada para tratá-lo?
Você entenderá neste artigo.
A história
A descoberta da radioterapia remonta ao final do século 19, um período de grandes avanços científicos e inovações que moldaram o futuro da medicina. Em 1895, Wilhelm Conrad Roentgen fez uma descoberta revolucionária: os raios X. Este avanço abriu portas para novas possibilidades no diagnóstico e tratamento de diversas doenças. Pouco tempo depois, em 1898, Marie Curie e seu marido Pierre Curie isolaram o elemento rádio, cujas propriedades radioativas foram fundamentais para o desenvolvimento da radioterapia. Inicialmente, a radiação era vista como uma curiosidade científica até que médicos começaram a observar seus efeitos sobre células doentes do corpo. A primeira utilização documentada da radioterapia no tratamento do câncer ocorreu em 1901, quando médicos franceses aplicaram radiação em pacientes com neoplasias malignas na pele. Esta abordagem pioneira mostrou resultados promissores ao reduzir tumores visíveis, embora, naquele momento, ainda houvesse muito a aprender sobre dosagem e segurança para que o tratamento não acabasse fazendo mais mal do que bem.
Nas primeiras utilizações da radioterapia os conhecimentos sobre os efeitos da radiação ainda estavam em fase de descoberta. Os primeiros tratamentos, como ainda eram experimentais, eram frequentemente imprecisos, causando danos significativos aos tecidos saudáveis ao redor dos tumores. Os pacientes frequentemente enfrentavam efeitos colaterais severos devido à falta de tecnologia avançada que pudesse direcionar as doses de radiação com exatidão. No entanto, com o passar do tempo, as pesquisas científicas e a tecnologia se uniram para transformar radicalmente essa abordagem em uma técnica segura.
Como funciona?
O processo se baseia na capacidade das radiações de interferirem diretamente no DNA das células cancerosas, comprometendo sua habilidade de se multiplicar e crescer. Diferente dos tecidos saudáveis, as células tumorais apresentam maior dificuldade em reparar os danos causados pela exposição à radiação, o que torna a radioterapia uma ferramenta eficaz e seletiva no tratamento oncológico.
Durante o planejamento do tratamento, uma equipe multidisciplinar de especialistas determina a dose adequada, a forma como será aplicada e a área específica a ser tratada, garantindo que os efeitos sejam maximizados nas áreas afetadas pelo câncer enquanto minimizam-se os impactos nos tecidos adjacentes saudáveis. E então temos a resposta à pergunta que você viu no início do texto.
Os diferentes tipos
Existem diversos tipos de radioterapia, cada um com suas particularidades e métodos de aplicação.
A radioterapia externa, por exemplo, é a forma mais comum e envolve o uso de máquinas que direcionam feixes de radiação precisamente na área afetada pelo tumor. Este método é amplamente utilizado devido à sua capacidade de tratar grandes áreas do corpo sem a necessidade de procedimentos invasivos.
Já a braquiterapia é um tipo diferenciado onde pequenas fontes radioativas são colocadas diretamente dentro ou próximo ao tecido canceroso, permitindo uma alta concentração de radiação no tumor enquanto minimiza os danos aos tecidos saudáveis adjacentes. Essa técnica é especialmente eficaz em certos tipos de câncer, como os da próstata e colo do útero.
Outro avanço significativo na radioterapia é a terapia com prótons, que utiliza partículas carregadas para destruir células tumorais com precisão milimétrica, reduzindo ainda mais os efeitos colaterais indesejados.
A escolha entre esses tipos depende do estágio do câncer, do tipo e da localização do tumor, bem como das condições gerais de saúde do paciente.
Combinação
Frequentemente a radioterapia é utilizada de forma combinada a outras abordagens de tratamento de câncer. A quimioterapia, por exemplo, age de forma sistêmica, atingindo células malignas que possam ter se espalhado pelo organismo, já a radioterapia, em seus principais tipos, foca em tumores localizados ou regiões específicas onde há maior concentração de células cancerosas. Além disso, quando somada à cirurgia, pode reduzir o tamanho dos tumores antes da intervenção cirúrgica ou eliminar possíveis células remanescentes após o procedimento. Dessa forma, essa combinação estratégica maximiza as possibilidades de cura e controle da doença.
A perspectiva para o futuro
Com o desenvolvimento de tecnologias como a radioterapia de intensidade modulada (IMRT) e a terapia com prótons, se espera que eficácia dos tratamentos seja aumentada consideravelmente, ao mesmo tempo em que se minimizam os efeitos colaterais para os pacientes. As pesquisas atuais também estão explorando a integração da inteligência artificial para otimizar o planejamento dos tratamentos, garantindo que cada sessão de radioterapia seja adaptada às necessidades específicas de cada pessoa.
Certamente é gratificante saber sobre a evolução de uma técnica que ajuda a salvar vidas. Esperamos por um cenário de abordagens cada vez mais assertivas que levam em conta o bem-estar e a segurança do paciente em cada etapa.
Redação: Thomas Shepherd e Infinity Copy IA.