BLOG

Cigarro Eletrônico - Mais bonito, mais atrativo e mais perigoso

Cigarro Eletrônico - Mais bonito, mais atrativo e mais perigoso

Com uma popularidade absurda entre jovens adultos e, até mesmo, adolescentes, o cigarro eletrônico, vaper, “pen drive”, ou outros nomes pelos quais o aparelho é conhecido, tem tido um crescente alcance cercado de desinformação e falsas promessas.

Criado em 2003, esse produto foi se desenvolvendo, ganhando novos formatos e diferentes substâncias para consumo. Ao ser ligado, acontece a vaporização do líquido presente em um refil que fica dentro do aparelho, contendo, normalmente, nicotina, aromatizantes e substâncias como glicerol, glicerina, propilenoglicol, etilenoglicol, assim como inúmeros outros aditivos. Também há versões que trabalham com tabaco aquecido, funcionando de forma similar ao cigarro tradicional, mas disfarçando o cheiro através de aromatizantes.

Além de os pulmões não serem feitos para lidar com trocas gasosas envolvendo essas substâncias e elas, por si só, já terem um potencial nocivo à saúde pela inalação, há uma estimativa de que a temperatura de vaporização pode atingir até 350º C, temperatura mais que suficiente para induzir reações químicas e transformar as substâncias presentes no refil em outros compostos altamente tóxicos e cancerígenos, podemos mencionar o formaldeído (o conhecido formol), o acetaldeído, a acroleína e a acetona.

Mas não para por aí, desde 2009 o cigarro eletrônico é proibido no Brasil, ou seja, sua venda é ilegal. Com isso, não há uma regulamentação do conteúdo presente nos refis.

Além das substâncias  que mencionamos acima, cada refil adquirido ilegalmente pode ter inúmeras misturas de compostos químicos adicionados sem qualquer estudo ou responsabilidade sobre as consequências de seus efeitos no organismo.

Com isso, a pessoa que usa o vaper simplesmente não sabe o que está inalando, e o real conteúdo acaba só sendo descoberto quando um deles é apreendido e levado para laboratório para análise.

Inicialmente, o cigarro eletrônico foi promovido com a promessa de ser uma ajuda para parar de fumar o cigarro tradicional, mas essa teoria não demorou muito para ser derrubada e, na verdade, comprovada como sendo exatamente oposta.

Por conter nicotina, a pessoa continua a consumir a substância inalando inúmeras substâncias tóxicas, além disso, pessoas que nunca fumaram o cigarro tradicional, mas que decidiram experimentar o cigarro eletrônico, além de já estarem fazendo muito mal à saúde sem se dar conta, elas tendem a correr para o cigarro tradicional assim que o cigarro eletrônico não estiver disponível (quando o refil acaba, por exemplo), dessa forma, elas conseguem manter os níveis de nicotina no cérebro, uma vez que a substância já causou dependência.

Mas quais são as consequências disso?

Bem, podemos mencionar o caso do jovem Draven Hatfield, de West Virginia, nos Estados Unidos. Draven é um adolescente de 19 anos que, este ano, precisou ser levado ao hospital e fazer uma cirurgia nos pulmões depois que sofreram quatro colapsos seguidos entre Dezembro de 2021 e Fevereiro de 2022.

Ele revelou ser usuário de vaper desde os 13 anos de idade, consumindo-o diariamente, mas o que mais surpreendeu a equipe médica do hospital foi que os exames de imagem realizados em Draven mostravam pulmões não de um jovem rapaz de 19 anos, mas sim de um “homem que fumava três maços de cigarros por dia há pelo menos 30 anos”.

Felizmente, Draven conseguiu sobreviver após um procedimento cirúrgico e hoje se encontra em recuperação, ainda sentindo muitas dores no peito. Ele hoje faz campanhas de conscientização para que outras pessoas não usem o vaper.

Podemos mencionar também o caso do brasileiro Gabriel Nogueira Souza, que, neste ano, após utilizar o cigarro eletrônico por apenas três meses, acordou tossindo sangue e com muitas dores no corpo.

Ao passar por exames de imagem, Gabriel foi diagnosticado com manchas nos pulmões (vidro fosco), broncopneumonia e também enfisema pulmonar.

Nos exames, foi identificado que dentro dos brônquios dos pulmões do Gabriel havia óleo contido nos cigarros eletrônicos, um problema irreversível, pois não foi possível remover esse óleo.

Após o tratamento feito com antibiótico injetável foram quase 30 dias até que ele começasse a apresentar melhora. Hoje Gabriel segue em recuperação.

Com esses dois exemplos que se popularizaram já é possível identificar a dimensão do problema.

Além de comprometer o sistema respiratório, os cigarros eletrônicos deixam a pessoa com alto risco de doenças cardiovasculares, sérias complicações, e câncer, principalmente nos pulmões.

Por isso, não se deixe enganar pelo que parece ser algo “descolado”, o vaper não é algo bom e muito menos inofensivo, é mais uma forma evitável relacionada ao tabagismo de destruir em massa a saúde e a vida das pessoas.

 

Redação: Thomas Shepherd.

Referências: Instituto Nacional de Câncer (INCA), oGlobo (entrevista com Draven Hatfield) e G1 (entrevista com Gabriel Nogueira Souza).

online
Avatar