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Leucemia - Do medo à esperança

Leucemia - Do medo à esperança

O que você sente ao ouvir a palavra “leucemia”?

Se você fizer essa pergunta às pessoas ao seu redor, provavelmente irá ouvir “tristeza”, “angústia”, e muitos outros sentimentos negativos, mas, principalmente, “medo”.

Já abordado em livros e filmes como o conhecido “Um Amor Para Recordar”, esse tipo de câncer é temido devido à sua taxa de letalidade que beira os 40% de todos os casos, e por comprometer a defesa do organismo, tornando-o suscetível a uma série de outras doenças.

Neste artigo, vamos levar a você um entendimento mais aprofundado sobre esse tipo de câncer peculiar, assim como as possibilidades de tratamento que existem.

O que faz no organismo?

Para compreender melhor, vamos imaginar nosso sistema sanguíneo como uma grande cidade, onde cada célula tem seu papel específico. As células brancas são os defensores dessa cidade, protegendo-a contra invasores indesejados, tais como os vírus e bactérias.

Na leucemia, no entanto, algo sai errado com esses defensores. Eles não se desenvolvem completamente, permanecendo imaturos (blastos) e passam a se multiplicar de forma anormal e descontrolada, e não realizam suas funções como deveriam, como se as tivessem esquecido ou nunca as tivessem aprendido.

Uma superpopulação de células brancas imaturas se forma e interfere na produção das outras células sanguíneas: vermelhas (responsáveis pelo transporte de oxigênio) e plaquetas (que ajudam na coagulação).

Voltando ao cenário imaginário, é como se a cidade ficasse superlotada por um grupo específico de defensores que não estão fazendo seus trabalhos corretamente, e eles ocupam tanto o espaço que acabam ficando em maior quantidade que os defensores saudáveis.

Os tipos

Embora costumemos chamar pelo nome “Leucemia”, no singular, há vários tipos de leucemia, sendo os principais deles Linfoide e Mieloide.

A leucemia linfoide, também conhecida como linfocítica, é um câncer do sangue que se origina quando os linfócitos (um tipo de glóbulo branco) tornam-se cancerosos.

Por outro lado, temos a leucemia mieloide - também chamada de mielógena ou granulocítica - que ocorre quando as células mieloides (outra classe dos glóbulos brancos) são afetadas pelo processo canceroso. Na maioria das vezes, esse tipo tem um desenvolvimento mais rápido do que o da leucemia linfoide.

Os subtipos

Além da classificação pelo tipo de célula afetada, as leucemias também são classificadas por seu grau de desenvolvimento e agressividade, conhecidos como “agudo” e “crônico”.

O subtipo agudo costuma ser mais comum em crianças pequenas, mas também pode ocorrer em adultos. Esta forma da doença progride rapidamente e, se não for tratada adequadamente, pode levar a óbito em poucos meses, ou até semanas. Por outro lado, a leucemia crônica costuma afetar adultos em sua maioria, embora também possa se desenvolver em crianças, e progride lentamente.

Sinais

Os sintomas que a leucemia manifesta no corpo são consequências da diminuição das células saudáveis na medula óssea e no sangue e uma grande quantidade de blastos, que são as células imaturas das quais falamos anteriormente.

A diminuição dos glóbulos vermelhos leva à anemia, que traz consigo fadiga, falta de ar, palpitação e dor de cabeça.

Quanto menor for a quantidade de plaquetas, maiores serão os sangramentos, principalmente nas gengivas e no nariz, assim como manchas e pontos roxos na pele.

A redução dos glóbulos brancos saudáveis, substituídos pelos blastos, leva a um sistema imunológico debilitado, o que torna o organismo suscetível a infecções diversas e, com isso, os sintomas e danos de cada infecção se somam aos já causados pela leucemia.

Ademais, pode haver o aumento dos gânglios linfáticos, geralmente sem dor, principalmente na região do pescoço e das axilas. Além disso, podem ocorrer febre ou suores noturnos, perda de peso sem explicação, desconforto abdominal devido ao inchaço do baço ou fígado, bem como dores nos ossos e articulações. Se a doença chegar a afetar o Sistema Nervoso Central, dores de cabeça, náuseas, vômitos, visão dupla e desorientação costumam surgir.

É importante ressaltar que, no início, como na maioria dos cânceres, os sintomas da leucemia costumam ser leves ou até imperceptíveis, passando a ser notados apenas à medida que a doença evolui.

Diagnóstico

O diagnóstico da leucemia geralmente começa com uma visita ao médico devido à percepção dos sintomas por parte da própria pessoa. No ambiente clínico ou hospitalar, o médico costuma solicitar, como procedimento padrão, um hemograma completo (entre outros exames, a depender de cada caso). O hemograma avalia os três principais tipos de células presentes no sangue: glóbulos vermelhos (responsáveis pelo transporte de oxigênio), glóbulos brancos (que combatem infecções) e plaquetas (importantes na coagulação).

Com a leucemia, os níveis dessas células não ficam dentro do considerado saudável.

Se o resultado do hemograma somado aos sintomas físicos sugerir leucemia, outros testes são necessários para confirmar o diagnóstico. A biópsia da medula óssea é um desses testes complementares essenciais, no qual uma amostra da medula óssea - local onde as células sanguíneas são produzidas - é retirada e analisada em laboratório para detectar a presença dos blastos e sua quantidade em comparação às células saudáveis.

Além disso, exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, podem ser realizados para avaliar se a leucemia causou danos importantes aos órgãos.

O que aumenta o risco?

Quando falamos sobre os fatores de risco para a Leucemia, é necessário enfatizar que, em boa parte dos casos, não há fatores conclusivos, ou seja, não se pode dizer, com cem por cento de certeza, o que leva as células a sofrerem tal mutação, no entanto, há alguns fatores relacionados à genética, ao ambiente e a comportamentos que aumentam as chances do desenvolvimento da doença.

Pessoas com histórico familiar de leucemia têm maior predisposição para desenvolver a doença, assim como pessoas portadoras de síndromes genéticas raras, como a Síndrome de Down ou Li-Fraumeni.

Outro fator importante é o ambiente. A exposição à radiação ionizante ou a determinados produtos químicos costuma favorecer o surgimento da leucemia. Por exemplo, pessoas que trabalham com substâncias como benzeno ou formaldeído.

O maior inimigo da oncologia, o tabagismo, também aumenta o risco de desenvolvimento da leucemia, assim como danos múltiplos aos órgãos e risco de desenvolvimento de outros tipos de câncer e doenças cardiovasculares.

O tratamento

O tratamento da leucemia se inicia com um diagnóstico preciso. O tipo de leucemia deve ser identificado para que a estratégia correta seja adotada, pois cada situação exige um plano de tratamento específico.

A abordagem mais utilizada é a quimioterapia, na qual medicamentos são usados visando interromper o crescimento das células doentes.

Com menor frequência, a radioterapia também é uma opção. Neste caso, doses de radiação controladas são usadas para exterminar as células doentes. Esse procedimento pode ser direcionado a uma área específica ou ao corpo todo.

Em alguns casos mais específicos pode-se optar pela imunoterapia ou por medicamentos alvo-moleculares.

O transplante de medula óssea

A medula óssea é a fonte das células sanguíneas, tanto as saudáveis, quanto as cancerosas, no caso da leucemia, e é através dela que pode se chegar à cura da leucemia, quando as demais abordagens de tratamento não conseguem alcançar esse feito.

É importante entender que a medula óssea não é um osso em si, mas o tecido mole que se encontra no interior dos ossos, e nessa opção de tratamento, a medula óssea de um doador saudável é transplantada para a pessoa portadora da leucemia, trazendo um impacto significativamente positivo, o qual explicaremos mais à frente.

Para o doador, a doação de medula óssea não causa danos à saúde e nem o prejudica de qualquer forma, quando seguidas corretamente as orientações da equipe de saúde.

Há, inclusive, uma opção de doação pouco invasiva, que funciona de forma similar a uma doação de sangue, a chamamos de doação por aférese. Nesse procedimento é feito um acesso venoso em cada braço de forma simultânea e, em seguida, ambos os acessos são conectados a uma máquina de aférese que, por sua vez, separa as células-tronco presentes no sangue e devolve ao doador os componentes sanguíneos que não são necessários para a doação da medula.

Para o receptor, o processo começa com quimioterapia ou radioterapia para eliminar as células cancerosas existentes na medula. Em seguida, a nova medula é introduzida no corpo através de transfusão.

Uma vez implantada com sucesso, a nova medula começa a produzir células sanguíneas saudáveis. Esse processo pode levar semanas ou até meses e, durante esse período, o paciente deve permanecer isolado para evitar infecções. Após essa fase crítica inicial, a nova medula começa a funcionar adequadamente e os sinais da leucemia tendem a desaparecer.

No entanto, vale ressaltar que o transplante de medula óssea não é a opção de tratamento para todos os pacientes com leucemia, em especial àqueles de mais idade e com a saúde muito debilitada, com baixas chances de suportar o transplante. O processo apenas é realizado quando os benefícios superam os riscos.

Para os pacientes aptos, o transplante de medula óssea representa uma “luz no fim do túnel”, oferecendo uma chance real e concreta de cura.

É importante lembrar que, para que esse procedimento aconteça, é necessário encontrar uma doação de medula compatível com o paciente, o que não é fácil tanto em relação à quantidade de pessoas que se dispõe a doar medula óssea quanto em relação à compatibilidade em si.

E para finalizarmos esse artigo, queremos deixar uma pergunta e uma reflexão.

E se você pudesse ajudar alguém com leucemia a chegar à cura da doença?

Na verdade, você pode!

Se você tem interesse em ser doador de medula óssea, entre em contato com um hemocentro em sua cidade e informe sobre o seu desejo de ser doador.

Para muitos pacientes, o transplante de medula é não apenas uma chance de cura, mas a única chance de sobreviver, e você pode fazer essa diferença!

 

Referências: Instituto Nacional de Câncer.

Redação: Thomas Shepherd e Infinity Copy IA.

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