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Fake News – A desinformação que mata!

Fake News – A desinformação que mata!

Quem nunca recebeu em seu E-mail, WhatsApp, SMS ou em suas redes sociais, aquelas mensagens com tom de urgência, supostamente alertando sobre uma solução escondida, uma ameaça ou uma situação hipotética que estaria acontecendo naquele momento, acompanhada de um pedido de que aquela mensagem, sem uma fonte confiável, seja compartilhada imediatamente com o máximo de pessoas possíveis?

Na grande maioria dos casos, essas mensagens se tratam de desinformação, ou, como ficou popularizado no termo da língua inglesa, Fake News, ou “Notícias Falsas” em tradução livre.

Dentre os temas que se tornam alvo das tão frequentes Fake News, o câncer e a área da oncologia, de forma geral, ocupam o segundo lugar, ficando atrás apenas de assuntos políticos.

Embora, muitas pessoas consigam identificar esse tipo de mensagem e não compartilhá-la ou fazer ações com base no que a mensagem orienta, sem antes buscar saber se a informação é verídica ou não, há também uma grande parcela da população que acaba acreditando nas falsas notícias à primeira vista, e não só as obedecem, como também repassam para toda sua lista de contatos, dando continuidade às conhecidas “correntes” de mensagens.

E esse simples e rápido compartilhamento já pode ser o suficiente para que alguém tenha um final trágico.

Tragédias Reais

No ano de 2022, Silvana Andelieri, comerciante e moradora de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, perdeu sua vida ao interromper o tratamento de câncer por quimioterapia após cair em uma Fake News sobre uma “dieta de cura”, indicada por um homem que intitula a si próprio como "terapeuta sensitivo".

Em entrevista ao RBS TV, Márcio Rodrigo Andelieri, o marido de Silvana, conta que ela havia iniciado a quimioterapia em Fevereiro do mesmo ano, quando o tumor no pâncreas foi diagnosticado.

"Foi através de uma amiga dela que tinha um restaurante vegano aqui em Caxias [que conheceu o suposto terapeuta]. A minha esposa ia almoçar de vez em quando lá e, no dia que ela fez a segunda sessão de quimioterapia, ela passou mal e falou com essa amiga, e ela disse: 'Para, não usa essas química no teu organismo! Tem um cara em Porto Alegre que vai te ajudar', e passou o contato dele" – Explicou Márcio.

A irmã de Silvana, Silvia de Lima, também foi entrevistada pela RBS TV sobre o caso, e deixou seu relato:

"Ela tinha feito quimios, então, nesse período, o câncer dela tinha diminuído e ela parou de se alimentar. O organismo começou a enfraquecer, o câncer começou a virar metástase e aí ela começou a ficar ruim. Relutou para procurar um médico porque ele dizia que não adiantava ela procurar um médico, que era coisa da cabeça dela, que tinha 'mimimi', que tinha que parar de ficar chorando pelos cantos e se lamentando porque ela não tinha mais nenhuma doença".

Em seus vídeos na internet, o suposto terapeuta sensitivo defende sua dieta milagrosa, e apresenta diversas teorias sem qualquer comprovação científica.

Por passar a seguir uma dieta extremamente restrita, sem alimentos essenciais, Silvana foi ficando cada vez mais fraca e com o sistema imunológico debilitado. Silvana chegou ao ponto de precisar se alimentar por uma sonda, ao mesmo tempo em que a interrupção da quimioterapia levou à interrupção do combate ao tumor, que continuou a se desenvolver e se espalhou para o intestino, fígado e pulmão.

Ao verem o estado de saúde de Silvana piorar, a família a pediu que abandonasse aquele método, mas confiante no que lhe foi prometido pela pessoa que lhe estava orientando, ela não dava ouvidos e ficava brava.

Silvana faleceu em 16 de Setembro.

O triste caso de Silvana é apenas um entre os incontáveis casos de Fake News a respeito do câncer que resultam em tragédia para aqueles que as seguem.

Convincente

As Fake News podem ou não ter um rosto por trás delas, como no caso que acabamos de relatar. Há casos em que pessoas fingem ser médicos, cientistas, pesquisadores, enfermeiros ou outros profissionais relacionados à área da saúde em vídeos e áudios compartilhados na internet, em uma tentativa de dar credibilidade ao assunto.

Algumas mensagens chegam a citar, de forma parcial ou completa, algum estudo científico real, no entanto, o conteúdo da mensagem não faz parte do estudo. Como muitas pessoas sequer buscam comprovar a informação, a mensagem é compartilhada como se fosse verdadeira. Em outros casos, na verdade, na maioria deles, uma fonte sequer é citada, tendo apenas informações como “um estudo mostra que...”, “uma pesquisa mostra que...”, “médicos dizem que...”.

O tipo de desinformação mais perigoso em relação ao câncer é aquele que induz a pessoa a ingerir algo ou fazer algo que pode fazer mal, ou que a induz a desacreditar nos tratamentos reais, levando-a a interromper o mesmo e, assim, permitir que o tumor continue a se desenvolver.

“A quimioterapia é para te matar, não é para curar o câncer”, “A indústria farmacêutica não quer que você saiba: chá de graviola cura o câncer”.

Há também aquelas que privam as pessoas de utilizarem ou terem coisas que não às fazem mal, deixando-as em estado de medo constante.

“Celular causa câncer”, “As ondas de rádio das antenas 5G vão alterar seu DNA e controlar sua mente”, “Desodorante causa câncer de mama”.

Até mesmo algumas Fake News não relacionadas ao câncer acabam trazendo risco oncológico às pessoas, um exemplo disso foi quando, no ápice da pandemia de COVID-19, um áudio foi compartilhado em massa no WhatsApp e outros canais de comunicação, em que uma pessoa afirmava que o sol eliminava o vírus do organismo, orientando a pessoa a se expor ao sol diariamente em horários de pico. Além de essa informação ser completamente falsa, seguir as orientações desse áudio promoveram uma alta chance de queimaduras na pele, além do aumento de chance de desenvolvimento do câncer de pele, que segue sendo o que mais acontece no Brasil.

Um problema preocupante

A problemática com o compartilhamento da desinformação sobre assuntos relacionados à saúde é tão séria que o Ministério da Saúde precisou tomar medidas e, em 2018, lançou o serviço de Combate às Fake News, através do WhatsApp (61) 99289-4640, para que as pessoas possam encaminhar mensagens que receberam e saberem, com a consulta de profissionais da saúde, se a informação procede ou não, antes de compartilhá-la com outros.

Se você recebeu uma mensagem de um familiar, amigo, vizinho, ou outra pessoa que não seja um profissional da saúde confiável, a respeito de um assunto relacionado ao câncer, não compartilhe, antes, verifique se a informação é verdadeira ou não com um profissional da área, de confiança, ou diretamente no WhatsApp de Combate às Fake News do Ministério da Saúde.

Cuide de você, cuide dos que estão ao seu redor, não compartilhe Fake News.

 

Referências: Ministério da Saúde, RBS TV, Fantástico.

Redação: Thomas Shepherd.

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