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Câncer de Boca – Um perigo, muitas vezes, ignorado.

Câncer de Boca – Um perigo, muitas vezes, ignorado.

Cada parte da nossa cavidade oral tem sua importância e funcionalidade no organismo e qualquer alteração nela já pode afetar diretamente nossa saúde. Uma das anomalias que podem se desenvolver nessa região é o câncer de boca, e ter a informação correta é crucial para prevenir-se contra ele.

É sobre isso que vamos abordar nesse artigo.

Os tumores

O câncer de boca é como é popularmente conhecido o grupo de diversos tumores que afetam a cavidade oral, podendo se desenvolver nos lábios, língua, gengivas, assoalho da boca, bochechas e céu da boca.

Entre os tipos de tumores, podemos destacar o carcinoma espinocelular oral, o mais comum entre os casos registrados; o adenocarcinoma, que surge nas glândulas salivares; e o melanoma maligno oral, cuja incidência é rara, mas apresenta alta letalidade.

Entre 2023 e 2025, são esperados aproximadamente 15.100 novos casos de cânceres de cavidade oral no Brasil.

Os sinais

Os sintomas do câncer de boca são frequentemente ignorados por serem facilmente confundidos com problemas bucais menos graves, no entanto, uma característica comum nos sinais do câncer na região é a não cicatrização.

Um dos sintomas mais comuns do câncer de boca são as feridas ou úlceras que não cicatrizam. Essas lesões podem aparecer em qualquer área da boca e tendem a ser indolores no início, podendo apresentar dor e desconforto à medida que se desenvolvem.

Também pode acontecer o surgimento de manchas brancas ou vermelhas nas gengivas, língua ou revestimento das bochechas e ainda ínguas na região do pescoço. Além disso, desconforto ao engolir ou mastigar alimentos, dor ou sensação incômoda ao movimentar a língua também devem ser considerados como um sinal preocupante.

A perda repentina de peso sem motivo aparente e sangramentos na boca ou garganta sem relação com feridas visíveis são outros sintomas que podem surgir em casos mais avançados de câncer de boca.

O que aumenta o risco

O desenvolvimento do câncer de boca tem suas causas mais comumente associadas a hábitos, ou seja, fatores de risco evitáveis. Dentre eles, o consumo de cigarro e outros derivados do tabaco se destaca como o principal fator para o desenvolvimento dos tumores.

Os compostos cancerígenos presentes no cigarro, quando inalados ou absorvidos pela mucosa bucal, assim como quando despejados na corrente sanguínea, tendem a causar alterações nas células da cavidade oral. Essas mudanças celulares, com o tempo, levam à formação de tumores malignos que caracterizam o câncer de boca.

O cigarro também causa inflamação crônica na região bucal, outro fator que contribui para a proliferação anormal das células e formação do tumor. Além disso, a nicotina e outras substâncias tóxicas presentes no tabaco diminuem a capacidade do organismo em reparar os danos celulares causados pelo próprio cigarro, o que aumenta ainda mais o risco.

Relações sexuais sem preservativo, por sua vez, aumentam a probabilidade de transmissão do vírus HPV, que também está relacionado ao desenvolvimento do câncer de boca.

Em particular, a cepa HPV-16 foi identificada como uma das principais responsáveis pelo aumento dos casos de câncer orofaríngeo, que afeta a parte posterior da garganta, bem como do câncer na cavidade oral.

O consumo de bebidas alcoólicas, principalmente em excesso e com frequência, aumenta o processo inflamatório e contribui para o desenvolvimento do câncer de boca, especialmente se combinado ao uso do cigarro.

A exposição solar excessiva favorece à formação de tumores na região labial e, como último fator, a exposição a elementos químicos tóxicos ao organismo, tais como amianto, formaldeído, fuligem de carvão, e outros, principalmente em ambiente de trabalho e sem o uso dos EPIs adequados, também fazem parte dos fatores de risco, por mais que não tenham o mesmo impacto que o cigarro, tratando-se desse grupo de cânceres em questão.

O diagnóstico

Os dentistas são frequentemente os primeiros profissionais da saúde a identificar possíveis sinais dessa enfermidade. Durante o exame, eles buscam por quaisquer anormalidades ou mudanças na boca, língua e gengivas, incluindo feridas que não cicatrizam, manchas brancas ou vermelhas e qualquer área que cause dor ou desconforto.

Seja em um consultório odontológico, em uma urgência hospitalar ou em um consultório médico clínico, uma vez identificados os sinais que apresentam a possibilidade do câncer de boca estar presente, mais exames são solicitados.

O principal deles costuma ser a biópsia da lesão, que se trata da remoção de uma pequena amostra de tecido para análise em laboratório. Se as células cancerosas forem detectadas na amostra, então a extensão e o estágio do câncer serão determinados através de exames adicionais, como radiografias panorâmicas dos dentes e mandíbula, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) ou PET-Scan.

O tratamento

Uma vez que o diagnóstico está confirmado, uma abordagem de tratamento é traçada envolvendo profissionais multidisciplinares na área da saúde, incluindo um médico oncologista, um cirurgião e um médico radioterapeuta.

O primeiro passo no tratamento do câncer de boca é, normalmente, a cirurgia para remover o tumor. Dependendo do tamanho e da localização do tumor, a cirurgia pode ser simples ou complexa.

Em casos mais graves, onde o câncer se espalhou para os linfonodos no pescoço, a cirurgia pode também envolver a remoção desses nódulos. Posteriormente à cirurgia, geralmente segue-se um tratamento com radioterapia ou quimioterapia. A radioterapia usa radiação para matar as células cancerígenas restantes após a cirurgia e reduzir o risco de recorrência do câncer. A quimioterapia, por sua vez, utiliza medicamentos potentes para matar as células cancerígenas.

Em alguns casos, quando o câncer está muito avançado ou se houver risco significativo para a saúde do paciente durante a cirurgia, pode-se optar pela combinação de radioterapia e quimioterapia como tratamento primário.

É importante lembrar que cada caso é único e que o plano de tratamento será personalizado para atender às necessidades específicas do paciente.

O que você pode fazer?

A maioria dos casos de câncer de boca é diagnosticada em estágio avançado, e boa parte dessa situação é resultante de as lesões na região da boca serem ignoradas, especialmente quando são indolores.

Por isso, ao identificar anormalidades na região da cavidade oral, principalmente feridas que não cicatrizam em mais de 15 dias, é ideal buscar atendimento médico para uma avaliação adequada, seja esse um caso de câncer de boca ou outra doença.

Além disso, o que pode e deve ser feito é evitar os fatores de risco, uma vez que os fatores relacionados aos tumores nessa região são majoritariamente comportamentais e ambientais, tendo como predominante o fumo de cigarros e derivados.

Para se prevenir contra o HPV, é importante ressaltar o uso de preservativos durante relações sexuais, lembrando que os mesmos podem ser encontrados gratuitamente em postos de saúde, ou podem ser adquiridos em farmácia e mercados mediante pagamento. A vacina para o HPV também é altamente eficaz na prevenção das variantes do vírus que costumam levar ao desenvolvimento de tumores malignos.

Se não tratado, o câncer de boca continua a se desenvolver, podendo se espalhar para outros órgãos e até levar à morte.

Lembre-se: a prevenção e o diagnóstico em tempo hábil estão ao seu alcance, previna-se e cuide-se.

 

Redação: Thomas Shepherd e Infinity Copy IA.

Referência: Instituto Nacional de Câncer.

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