A relação entre os seus genes BRCA e o câncer de mama
O câncer de mama é o segundo mais prevalente no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. De acordo com uma estimativa elaborada pelo Instituto Nacional de Câncer, há uma previsão de aproximadamente 74 mil casos de tumores na região das mamas no Brasil, por ano, de 2023 a 2025.
Para algumas mulheres, o risco de desenvolver essa doença é maior do que para as outras, e isso se dá por uma série de fatores, mas hoje, vamos falar sobre um em especial e que, na verdade, está fora do nosso controle. Se trata da mutação nos genes BRCA.
O que são os genes BRCA?
Os genes BRCA, mais especificamente o BRCA1 e o BRCA2, são componentes essenciais na engrenagem biológica do nosso organismo. Com uma função primordial de reparação do DNA celular, eles agem como verdadeiros guardiões da nossa saúde genética, atuando para que nossas células se dividam de maneira ordenada e segura.
Embora possuam suas particularidades, ambos têm a mesma finalidade: garantir a estabilidade através da reparação do DNA.
Como os genes BRCA estão relacionados ao câncer de mama?
Quando os genes BRCA sofrem mutações, sua capacidade de reparação do DNA fica comprometida. Eles passam a não mais interromper o ciclo celular e não realizam reparos corretamente, resultando em um desenvolvimento anormal das células que, em breve, tende a se tornar um tumor maligno.
Estima-se que 5 a 10% dos casos de câncer de mama são relacionados a mutações nestes genes.
É importante lembrar que, por serem genes reparadores, as mutações podem causar tumores também em outros órgãos, como próstata, pâncreas e pele, no entanto, o câncer de mama e o de ovário se mostram os mais recorrentes por essa mutação.
Alterações em outros genes, tais como o TP53, o PTEN, o CHK2, o ATM e o STK11 também têm consequências no desenvolvimento de tumores na região das mamas, mas são menos recorrentes em comparação aos genes BRCA.
Como saber se você é portador de uma mutação nos genes BRCA?
Certamente, esta alteração genética não traz sintomas físicos aparentes, como uma doença, por isso, é importante analisar o histórico familiar, uma vez que tumores recorrentes em parentes podem ser um forte indício de que algo não vai bem com os genes reparadores.
Se você tem mais de um familiar próximo que foi diagnosticado com câncer de mama antes dos 50 anos ou câncer de ovário em qualquer idade, isso pode sugerir a presença do gene BRCA alterado. Além disso, se há casos na família de homens com câncer de mama ou várias pessoas com o mesmo tipo de câncer (especialmente se forem raros), também é um sinal de alerta.
Se você se identificou com essa descrição, é hora de buscar um médico oncologista para que seja realizada uma avaliação e um teste específico capaz de identificar essa mutação.
“Tenho mutação em um gene BRCA, o que fazer?”
Precisamos ressaltar que tal mutação não é uma sentença de que, necessariamente, haverá o desenvolvimento de câncer. No entanto, por haver a pré-disposição, nesse caso, é preciso ter uma atenção diferenciada.
A principal orientação para quem possui essa mutação genética é realizar um acompanhamento próximo com uma equipe oncológica, assim como exames periódicos para detectar precocemente qualquer indício da doença. Mamografias anuais ou semestrais são recomendadas a partir dos 25 anos ou cinco anos antes da idade em que foi diagnosticado o primeiro caso na família. Exames como ultrassonografia e ressonância magnética também podem ser indicados.
Um cuidado completo
Além dos cuidados relacionados ao diagnóstico precoce, os cuidados de prevenção também são essenciais, especialmente para quem tem alterações nos genes BRCA.
Estamos falando de não fumar cigarros (ou utilizar qualquer derivado do tabaco), evitar alimentos processados e ultraprocessados, evitar as bebidas alcoólicas e manter o peso controlado.
Atividades físicas, hidratação e uma alimentação mais natural e menos industrializada não apenas ajudarão a evitar que o câncer venha a aparecer, mas farão bem para a sua saúde como um todo.
Referências: INCA, Associação Médica Brasileira, Revista Brasileira de Análises Clínicas.
Redação: Thomas Shepherd + Infinity Copy IA.