Câncer de Pulmão - Fortemente letal, fortemente evitável
Embora ainda pouco falado, dado o seu tamanho impacto na saúde das pessoas a nível mundial, o câncer de pulmão é um dos tumores com maior incidência em ambos os sexos e também o que mais tira a vida de pessoas em todo o mundo.
Algo importante a se destacar sobre a doença é que, diferente da grande maioria dos cânceres, o câncer de pulmão é causado, quase em totalidade, por um fator de risco evitável, relacionado aos hábitos e ao estilo de vida das pessoas.
O câncer
A formação do câncer no pulmão ocorre quando há uma mutação genética nas células pulmonares, fazendo com que elas cresçam e se multipliquem de maneira descontrolada. Pouco a pouco, as células cancerosas vão impedindo o funcionamento normal dos pulmões, levando, assim, a uma série de complicações.
A depender da agressividade do câncer e do tempo em que o mesmo ficar sem tratamento, o tumor pode invadir tecidos próximos ou se espalhar para outras partes do corpo.
Pequenas células e não pequenas células
O câncer de pulmão é classificado, principalmente, em dois grupos de destaque (embora não sejam os únicos), são os grupos “câncer de pulmão de pequenas células” e “câncer de pulmão de não pequenas células”.
O tipo de pequenas células é notório por seu crescimento rápido e alta agressividade, sendo frequentemente associado a um histórico de tabagismo intenso. Este grupo representa aproximadamente 15% dos casos totais e é particularmente desafiador por sua tendência a se disseminar rapidamente para outras regiões do corpo.
Por outro lado, o câncer de pulmão de não pequenas células engloba aproximadamente 85% dos diagnósticos e inclui subtipos como adenocarcinoma, carcinoma escamoso e carcinoma de grandes células. Estes tendem a crescer e se espalhar mais lentamente comparado ao tipo anterior.
Vidas perdidas
Apenas no ano de 2022 foram registrados 2,5 milhões novos casos de câncer de pulmão a nível mundial e, no mesmo ano, 1,8 milhão de pessoas acabaram perdendo a vida para esse câncer.
Se observadas as estatísticas a nível nacional, apenas no Brasil e apenas no ano de 2021, 28.868 pessoas perderam a vida para o câncer de pulmão.
Conforme mencionado anteriormente neste artigo, esse tipo de neoplasia é altamente evitável, tendo cerca de 85% dos casos diagnosticados relacionados ao fumo de cigarros ou consumo de derivados do tabaco.
Isso significa que, a nível mundial, das 1,8 milhão de pessoas que perderam a vida em 2022, aproximadamente 1,5 milhão dessas pessoas ainda poderiam estar vivas hoje, se não tivessem consumido cigarro ou outros produtos do tabaco.
O que aumenta o risco?
Além do tabagismo (incluindo o “vape”), que representa a maior parte das causas, há ainda outros fatores que tendem a levar ao desenvolvimento de câncer de pulmão.
A exposição prolongada a agentes carcinogênicos como amianto, radônio e certos metais pesados também eleva a probabilidade de incidência deste tipo de câncer. Pessoas que trabalham em mineração ou na indústria química podem estar particularmente vulneráveis se não forem tomadas medidas adequadas de proteção, isso inclui o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), tempo de exposição, entre outros protocolos de segurança.
Há também a questão da poluição ambiental. Principalmente em grandes centros urbanos onde há forte presença da indústria de produção e uma grande concentração de carros e outros veículos movidos à queima de combustíveis, gases liberados no meio ambiente podem conter metais pesados e outras substâncias tóxicas que acabam sendo inalados durante a respiração e causando danos pulmonares, podendo, inclusive, levar ao desenvolvimento de câncer.
Outro aspecto relevante é a predisposição genética, pessoas com histórico familiar deste tipo específico de câncer devem realizar consultas médicas regulares e possivelmente exames específicos para monitoramento contínuo da saúde pulmonar a fim de ter um diagnóstico precoce, caso o câncer venha a se desenvolver.
Fumo passivo
Mesmo as pessoas que nunca fumaram cigarros, mas que convivem em ambientes onde são frequentemente expostas à fumaça do mesmo, correm riscos significativos de desenvolvimento de câncer, outras doenças pulmonares e até complicações cardiovasculares graves.
“A fumaça que sai da ponta do cigarro e se difunde homogeneamente no ambiente, contém em média três vezes mais nicotina, três vezes mais monóxido de carbono e até 50 vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que o fumante inala. A exposição involuntária à fumaça do tabaco pode acarretar desde reações alérgicas (rinite, tosse, conjuntivite, exacerbação de asma) em curto período, até infarto agudo do miocárdio, câncer do pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica) em adultos expostos por longos períodos.” (MEIRELLES, 2009).
É importante lembrar que a fumaça do cigarro tem mais de 7.000 substâncias diferentes, sendo muitas delas tóxicas ao organismo e pelo menos 69 delas comprovadamente cancerígenas. Entre essas substâncias, é encontrado o alcatrão, que é um composto formado por mais de 40 substâncias cancerígenas, incluindo o Polônio 210, que é radioativo, e o fósforo P4/P6, que é utilizado como veneno para matar ratos.
Sintomas
Entre os sintomas mais comuns associados a essa condição, a tosse persistente é o que se destaca, e ela não apenas é constante, mas também piora progressivamente. Além disso, é importante estar atento à presença de dor torácica que não desaparece e se intensifica com a respiração profunda ou com a tosse. Outro indicativo preocupante é a mudança na cor ou na consistência do escarro, que pode incluir traços de sangue.
Pacientes podem também experimentar episódios recorrentes de infecções respiratórias como bronquite ou pneumonia, o que deve levantar suspeitas quando ocorre com frequência. A perda inexplicável de peso e o cansaço extremo são sintomas que podem parecer genéricos à primeira vista, mas quando observados em conjunto com os demais sinais devem ser investigados prontamente.
Infelizmente, os sintomas não costumam aparecer até que a doença já esteja avançada, o que dificulta o diagnóstico precoce.
Diagnóstico
É recomendado que pessoas que identificarem que fazem parte dos grupos de risco, como pessoas que fumaram cigarros por longos períodos, busquem atendimento médico para uma avaliação buscando, assim, ter um diagnóstico precoce antes que os sintomas apareçam, caso o câncer já esteja ali,
Havendo a suspeita de câncer de pulmão, entre outros exames, o médico responsável poderá recomendar uma tomografia computadorizada, que permite a ele visualizar o estado atual dos pulmões e identificar anomalias que possam sugerir a presença de tumores.
Caso imagens sugestivas sejam detectadas, procedimentos mais específicos são necessários para confirmar o diagnóstico, como a biópsia pulmonar. Este procedimento pode ser realizado de várias maneiras: diretamente através da pele (biópsia por agulha), durante uma cirurgia ou por meio da broncoscopia, uma técnica que permite visualizar o interior das vias respiratórias e coletar amostras de tecido.
As amostras coletadas são, então, analisadas em laboratório para determinar a presença de células cancerosas e seu tipo específico. Essa informação é crucial não apenas para confirmar o diagnóstico, mas também para definir a estratégia mais eficaz de tratamento para cada caso individualizado.
É importante ressaltar que a radiografia comum, ou Raio-X, não é capaz de identificar o câncer de pulmão, podendo causar uma falsa impressão de que os pulmões estão saudáveis, mesmo que já tenham a presença de tumores. Por isso, o exame recomendado em casos de suspeita, para o diagnóstico, é a tomografia computadorizada.
Tratamento
No passado, as opções disponíveis para tratar o câncer de pulmão eram bastante limitadas e, muitas vezes, pouco eficazes, deixando os pacientes com poucas esperanças e alternativas. Tradicionalmente, a cirurgia para remover partes afetadas do pulmão era uma das poucas opções viáveis, juntamente com a radioterapia e quimioterapia convencionais, que frequentemente apresentavam uma série de efeitos colaterais desafiadores. Além de que, não incomum, havia pouca ou nenhuma diferenciação entre os tratamentos para os diferentes tipos de câncer de pulmão, o que comprometia a eficácia dos mesmos.
Contudo, o avanço da medicina nas últimas décadas trouxe transformações significativas para os pacientes que enfrentam esse diagnóstico.
Atualmente, as estratégias de tratamento para o câncer no pulmão são muito mais diversificadas e personalizadas. A introdução de terapias alvo-dirigidas revolucionou o manejo dessa doença ao focar especificamente em mutações genéticas que podem estar presentes nas células cancerosas do paciente. Isso significa que o tratamento pode ser ajustado às características individuais do tumor, aumentando, assim, as chances de sucesso e reduzindo os danos às células saudáveis.
Além disso, a imunoterapia surgiu como uma poderosa aliada na luta contra o câncer de pulmão. Esta abordagem inovadora ajuda a potencializar o próprio sistema imunológico do corpo para combater as células cancerígenas mais eficazmente. Combinando essas novas terapias com métodos tradicionais melhorados através da tecnologia moderna, como técnicas mais precisas de radioterapia e cirurgias, os pacientes hoje têm acesso a um leque muito mais amplo de possibilidades terapêuticas que oferecem não apenas maior expectativa de vida, mas também melhor qualidade durante o tratamento.
Diga NÃO ao tabagismo
O tabagismo é considerado a maior causa de mortes evitáveis em todo o mundo, e isso inclui, mas não se restringe ao câncer de pulmão.
Por mais que seja difícil abandonar o vício, por questões químicas, devido à interação da nicotina com o organismo, e também por questões de convívio social, existe ajuda para que isso aconteça.
Dentro do Programa Nacional de Controle do Tabagismo, oferecido pelo SUS (e programas similares oferecidos por alguns convênios de saúde), são oferecidos tratamentos para abandonar o cigarro, incluindo medicamentos e acompanhamento multidisciplinar com profissionais de saúde.
Você não está sozinho.
Diga NÃO ao tabagismo e SIM à vida.
Redação: Thomas Shepherd e Infinity Copy IA.
Referências: Organização Pan-Americana de Saúde, Instituto Nacional de Câncer.